quarta-feira, 17 de maio de 2017

Grupos de discussão de Novo Mundo e Os Dias Eram Assim constatam: o brasileiro desconhece a própria história



Os resultados dos grupos de discussão de duas novelas da Globo, "Novo Mundo" e "Os Dias Eram Assim", mostraram a dura realidade da educação no Brasil: o povo brasileiro desconhece a própria história. As tramas até foram elogiadas pelos participantes, mas a parte histórica...

As duas novelas enfrentam realidades opostas na audiência: enquanto a novela das 6 vai bem no Ibope, a novela das 11 supersérie naufraga na audiência, batendo um recorde negativo atrás do outro. Devido a esse fato, o grupo de discussão de "Novo Mundo" foi adiado e o de "Os Dias Eram Assim" antecipado.

Imagem relacionadaCom isso, ficamos sabendo que o brasileiro não entende lhufas de algo que ocorreu recentemente: a Ditadura Militar (1964 - 1985). Nesta época, o Brasil não tinha eleições diretas para presidente, apenas militares assumiam este cargo, não podiam existir outros partidos além do Arena (o governo) e o MDB (a "oposição"), deputados que se opusessem ao regime eram perseguidos, assim como pessoas comuns, como os personagens Renato (Renato Góes), um médico simpático à democracia, e seu irmão Gustavo (Gabriel Leone), um militante de esquerda, com o primeiro tendo que se exilar no Chile para não ser preso e torturado como foi o segundo.

Daniel Castro detalhou em seu site Notícias da TV que os telespectadores ouvidos sabem pouca coisa desta época, muito baseado no que seus pais e avós contavam, e não tinham noção da truculência, da forte censura, da tortura, das mortes, dos desaparecimentos não solucionados até hoje e do exílio forçado (ou voluntário) dos opositores. Mas ao menos uma boa notícia: eles demonstraram interesse em saber mais sobre o assunto. Pena que seja apenas pela novela supersérie, e não por livros, filmes ou documentários que tratam disto. É quase a mesma coisa que diz um depoimento recebido por nós de uma noveleira anônima de meia idade:

"Olha, eu vejo essa nova novela aí de vez em quando porque acaba muito tarde. Eu gosto daquele menino que faz o Renato e da Alice, eles formam um casal bem bonito. No começo eu não entendi nada, sei que eles vão falar da ditadura, tem até uns comunistas lá, mas eu não entendo direito, a única coisa que me lembro da época é que meu pai vivia falando que comunista comia criancinhas e que eu era obrigada a cantar o Hino Nacional na escola todo dia antes das aulas. Parece que torturaram umas pessoas aí, até passaram umas cenas de gente sendo torturada, mas meu filho falou que é tudo mentira da Globo e que os militares não prendiam gente de bem, aí eu fiquei mais tranquila. Eu até queria saber mais sobre o assunto, mas só tem nos livros de história e ler é muito chato, minha mente é muito cansada e eu nunca prestava atenção nas aulas de História, sempre dormia (risos). Acho que vou ver mais a novela, esses assuntos são sempre muito interessantes e eu quero ver o que Alice vai fazer quando Renato voltar".

A consequência imediata foi a inserção de cenas explicando melhor os anos de chumbo. Uma delas, a da professora universitária Natália (Mariana Lima) debatendo com seus alunos o contexto da época, foi escrita logo após a divulgação do resultado aos autores, sendo feita toda num mesmo dia, 7 de maio (um domingo). Também foram incluídas cenas mostrando a relação do personagem Arnaldo (Antônio Calloni) com os militares, já que ele representa os empresários que apoiaram o regime, e a explicação do significado da frase "Brasil: Ame-o ou deixe-o", que ironizava os opositores forçados a se retirar do próprio país.
Obviamente, a Globo não vai falar do seu papel na consolidação do Golpe Militar, muito menos da tentativa de esconder as primeiras manifestações pelas eleições diretas.
A novela supersérie também terá uma passagem de tempo, mostrando a anistia, o retorno de muitos exilados e a redemocratização ocorrida após as manifestações pelas eleições diretas, em 1984. Assim, o personagem Gustavo será libertado, Renato voltará do Chile e se reencontrará com Alice (Sophie Charlotte) no meio de uma dessas manifestações da Diretas Já.

Resultado de imagem para novo mundo novela família realE finalmente, os resultados do grupo de discussão de "Novo Mundo" foram divulgados. Como previsto, os personagens e a trama receberam elogios, mas os participantes confessaram não saber nada a respeito dos acontecimentos que permearam a Independência do Brasil. Segundo Daniel Castro, alguns telespectadores sequer sabiam que o Brasil foi colônia de Portugal e até pensaram que a novela ia falar do Descobrimento e ter Pedro Álvares Cabral, por causa das caravelas que apareceram no começo da novela.

Um depoimento de uma jovem noveleira anônima mostra bem isso:

"Ai, eu A-M-O Novo Mundo! Ainda mais sabendo que meus favs tão na novela, né? Joaquim, Pedro e Piatã são os mais gatos, e eu tô shippando muito Annaquim! Só não entendi direito esse lance dos índios e das caravelas, minha mãe até achou que iam falar do Cabral, me perguntou quem era ele na trama, ela é muito burra, óbvio que Cabral não aparece agora porque foi ele que fez a proclamação da república!"

Quem estudou história (ou pesquisou isso no Google) sabe que com a vinda da Família Real ao Brasil em 1808, nosso país, que era até então colônia portuguesa, foi elevado a reino, ganhando um status maior. Mas isso, além da crise provocada pelo fim do pacto colonial que dava a Portugal a exclusividade no comércio daqui, acabou desagradando os portugueses, acarretando na Revolução do Porto. Após este episódio, ocorrido em 1820, a Família Real Portuguesa teve que retornar ao país europeu para organizar as coisas. Apenas Dom Pedro ficou no Brasil, na qualidade de príncipe regente, mas a pressão para que ele retornasse à Europa e tornasse o Brasil colônia novamente era muito grande, não só de portugueses como o General Avilez (Paulo Rocha), como também de muitos brasileiros. Mas Dom Pedro decidiu ficar no Brasil, anunciando a todos essa decisão (daí o famoso Dia do Fico, em 9 de janeiro) e depois, quando o clima ficou ainda mais insustentável, ele proclamou a Independência do Brasil, em 7 de setembro de 1822.

"Novo Mundo" também terá mudanças, só que pequenas. Algumas chamadas serão divulgadas esclarecendo ao público que a novela fala da Independência do Brasil, para que não reste mais dúvidas quanto a isto.

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Ambos os períodos históricos já tinham aparecido anteriormente em novelas e séries, não só da Globo, como também de outras emissoras. Uma delas foi a novela "Amor e Revolução", de 2011, escrita por Tiago Santiago, que também tratou do Regime Militar e da luta armada, com a história de amor entre o militar José Guerra (Cláudio Lins) e a guerrilheira Maria Paixão (Graziella Schmitt). Outra série famosa da Globo que se passava nesse período era "Anos Rebeldes", em 1992, que trazia o jovem João Alfredo (Cássio Gabus Mendes) dividido entre a militância política e o amor de Maria Lúcia (Malu Mader). E recentemente, vimos que as primeiras fases de "Senhora do Destino", com reprise no Vale a Pena Ver de Novo, e de "Tieta" com reprise no Viva, se passavam em 1968, mais precisamente no fatídico dia 13 de dezembro, quando foi promulgado o AI-5, que recrudesceu o regime e intensificou a perseguição a opositores, tirando deles algumas garantias constitucionais como o habeas corpus. A novela de 2003 mostrou a agitação ocorrida nas ruas do Rio de Janeiro após o anúncio do ato institucional, com Maria do Carmo (Carolina Dieckmann) e seus cinco filhos tendo que se virar no meio de um confronto entre manifestantes e a polícia. Já a segunda não aborda especificamente o episódio, por focar na expulsão da jovem Tieta (Claudia Ohana) de sua casa, mas tem um momento que traduz todo o sentimento de quem sofreu nas mãos do regime: Zé Esteves (Sebastião Vasconcelos) arranca a folhinha daquela data do calendário e diz: "Faz de conta que esse dia nunca aconteceu".

Resultado de imagem para independência ou morte filmeJá os acontecimentos anteriores à Independência foram abordados na minissérie "O Quinto dos Infernos", em 2002, que também abordou a fuga da Família Real portuguesa ao Brasil e os desdobramentos da Independência, e também em filmes como "Independência ou Morte", de 1972, estrelado por Tarcísio Meira (Dom Pedro I) e Glória Menezes (Marquesa de Santos). Sobre o filme, uma curiosidade: estudiosos apontam que os militares usaram deste longa dirigido por Carlos Coimbra como propaganda do regime, com um trecho do filme (a cena do grito) sendo utilizado num comercial em 1972 pela Agência Nacional de Propaganda (veja mais aqui). O fato é que o filme bateu recorde de público na época, atraindo mais de 2 milhões de telespectadores, feito que só viria a ser superado quase trinta anos depois.

Como podem ver, o brasileiro não tem memória. Assim como se esqueceu da Ditadura e das razões que levaram à Independência, também esqueceu dessas produções que trataram desses assuntos e certamente vai esquecer do que falavam "Novo Mundo" e "Os Dias Eram Assim" tempos depois que essas novelas acabarem. Tal ignorância tem diversos fatores, incluindo econômicos e sociais, e é bastante perigosa, por possibilitar que grupos com diversos interesses possam deturpar os fatos e propagar inverdades sobre esses períodos, como vem ocorrendo com a Ditadura Militar.
E é exatamente o que fazem os apoiadores de Jair Bolsonaro ao afirmar que não havia corrupção durante o regime militar, que a tortura é invenção da esquerda e que só esquerdistas desordeiros eram perseguidos.
Moral da história: VOLTA TELECURSO!

segunda-feira, 17 de abril de 2017

Relembre os conturbados bastidores de A Padroeira

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Hoje estreia a reprise de "A Padroeira" na TV Aparecida. Será a primeira novela da Globo a reprisar em outro canal que não seja do grupo comandado pela família Marinho. A novela, considerada até agora como o único fracasso de Walcyr Carrasco, enfrentou todo o tipo de imprevisto em seus bastidores: de mudanças no enredo, brigas nos bastidores até a diretor falecido no meio da trama. Saiba mais detalhes abaixo:

Inspiração


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Como em todos os seus trabalhos, Walcyr se inspirou em um clássico da literatura para escrever "A Padroeira". Desta vez, a história escolhida para nortear a trama principal foi o romance "As Minas de Prata" de José de Alencar. O livro já havia sido adaptado para a televisão, por Ivani Ribeiro, em 1966, na novela produzida pela TV Excelsior, também dirigida por Walter Avancini, com Fúlvio Stefanini e Regina Duarte vivendo os personagens equivalentes a Luigi Baricelli e Deborah Secco nesta nova versão. O curioso é que Paulo Goulart estava nas duas novelas vivendo o mesmo tipo de papel: pai que é contra o casamento do casal de mocinhos, e Walter também precisou se afastar das duas tramas por motivos de doença. Em "Minas" seu substituto foi Carlos Zara, que também vivia o vilão Padre Molina. Outros atores de "A Padroeira" que também estiveram em "As Minas de Prata" eram Susana Vieira (Joaninha) e Stênio Garcia (Dom José). Grande parte dos nomes dos personagens foram alterados em "A Padroeira", à exceção de Molina, desta vez interpretado por Luís Melo. Além da obra de Alencar, Walcyr também usou elementos de Shakespeare e Alexandre Dumas. Sobre a saga amorosa dos protagonistas Cecília e Valentim, o autor disse à época: "É um "Romeu e Julieta" mesmo".


Autor à jato


Resultado de imagem para a padroeira walcyr carrascoWalcyr Carrasco e Walter Avancini já tinham trabalhado juntos em outros sucessos, como a lendária "Xica da Silva", da Manchete, e "O Cravo e A Rosa", que era a última novela que Walcyr tinha escrito antes de "A Padroeira". À propósito, as duas novelas tiveram apenas um intervalo de três meses de descanso: "O Cravo e a Rosa" terminou em 10 de março de 2001, e "A Padroeira" iniciou em 18 de junho, ou seja, um recorde até mesmo para Walcyr, que é conhecido no meio como sendo um autor que escreve uma novela em tempo curtíssimo.

Diretor falecido


Resultado de imagem para a padroeira novela walter avanciniMas nem tudo saiu como o planejado. A começar pelo diretor, Walter Avancini, que piorou do câncer e precisou ser afastado da trama em julho. Ele não resistiu e faleceu em 26 de setembro, aos 66 anos. Dentre os atores que estiveram no elenco, estava Luigi Baricelli, que trabalhava pela primeira vez com o diretor e disse: "Vou guardar a lembrança de uma pessoa que me ensinou muito, apesar do pouco contato. Ele passava conceitos em poucas palavras. Também em poucas palavras, tirava de você o que você podia render".

Mudanças polêmicas


Resultado de imagem para roberto talmaAvancini foi substituído por Roberto Talma, que devido aos baixos índices de audiência da trama, promoveu em parceria com o autor diversas mudanças na novela. Muitos personagens foram tirados da história, alguns mudaram de personalidade, novos foram inseridos e alguns ganharam mais destaque. Dentre os excluídos estava Raquel Nunes (Celeste), que alegou ao Estadão que nenhum comunicado oficial foi feito:

"Uma repórter ligou para a Maria Ribeiro (que interpreta a Rosa Maria) e perguntou o que ela achava de deixar da novela. A Maria foi saber o que estava acontecendo e descobriu que nós todos íamos sair. O pior foi a atitude do Talma. Ele podia perder cinco minutos do seu precioso tempo e falar conosco, nos tratar com dignidade e respeito".

Apesar das críticas, o autor disse ao mesmo jornal que isso já estava previsto.

"O que o Talma está fazendo é imprimir seu estilo vigoroso às cenas românticas. Tudo está sendo feito com a minha participação (...) Quem assistiu a outras novelas minhas sabe que entrada e saída de personagens é absolutamente comum e normal no meu estilo. Estou particularmente feliz por poder contar com uma atriz como a Suzana Vieira", diz Carrasco. "É absolutamente normal, depois de um mês de estreia, uma avaliação da novela. Nesse caso, só virou notícia por causa da entrada de um novo diretor, motivada pela doença do Avancini. O resto é especulação. Criar, recriar, dar reviravoltas, transformar a história é parte do processo de trabalho de uma novela, comum a todos autores. Às vezes, a interpretação de um ator é tão surpreendente, que ele acaba criando mais espaço na trama, abrindo novos caminhos para o autor. É o que está acontecendo, por exemplo, com a personagem da Imaculada, da Elizabeth Savalla, que ela está fazendo genialmente".

Resultado de imagem para a padroeira novela isabel diogo e faustinoAs caras novas eram uma trupe de artistas - Dorotéia (Suzana Vieira), Faustino (Rodrigo Faro) e Agnes (Ana Paula Tabalipa) , além do juiz Honorato, sua filha Zoé (Cecília Dassi), Padre Gregório (Daniel Oliveira) e o capitão-do-mato Inocêncio (Jandir Ferrari). Dentre estes personagens, o que ganhou mais destaque foi Faustino, que formou um triângulo amoroso com Isabel (Mariana Ximenes) e Diogo (Murilo Rosa) e levou a melhor, conquistando a amada no fim da trama. Já Diogo se apaixonou pela escrava Clarice (Isabel Fillardis) e casou com a moça.

Traçando um paralelo com tramas seguintes do Walcyr, o triângulo Isabel - Diogo - Faustino era muito semelhante ao de Mafalda - Romeu - Zé dos Porcos de "Êta Mundo Bom", com direito a cenas de nudez de Diogo em alguns momentos. O núcleo ganhou tanto destaque que até ofuscou os protagonistas da trama, apesar de que a grande protagonista da novela era mesmo a santa.

Segundo o autor, todos os fatos relacionados à imagem da Nossa Senhora Aparecida mostrados na novela são reais (de acordo com registros da Igreja Católica) e as historias referentes a ela foram contadas praticamente sem alterações, embora tenham ocorrido em datas diversas da apresentada na trama.

Outras mudanças incluem personagens que tiveram a personalidade alterada, como a protagonista Cecília. Outrora mocinha ingênua e romântica, a personagem de Deborah Secco ganhou ares modernos, se tornando uma mulher de fibra. Mais cenas de amor e de comedia pastelão foram inseridas e a vilã amargurada e ressentida Imaculada (Elizabeth Savalla) ganhou contornos cômicos.

E essas alterações se refletiram na história: a bruxa Úrsula vivida por Yoná Magalhães seria a mãe desaparecida de Valentim, mas com a ida da atriz para "As Filhas da Mãe" (Yoná chegou a gravar as duas novelas simultaneamente!), tal função passou para Dorotéia. E Imaculada acreditava que Antônio (Stênio Garcia) era o pai de Izabel, mas com a ida do ator para ""O Clone", tal trama foi deixada de lado.

Novas Parcerias


Imagem relacionadaFalando nela, se "A Padroeira" marcou o fim abrupto da parceria entre Carrasco e Avancini, a novela marcou também o início da nova parceria entre o autor e Elizabeth Savalla. O autor gostou tanto da beata interpretada pela atriz que a chamou para fazer diversos trabalhos seguintes, a maioria seguindo a mesma linha do humor: Jezebel de "Chocolate com Pimenta", Rebeca de "Sete Pecados" e mais recentemente, a Cunegundes de "Êta Mundo Bom" são alguns desses papeis, mas ela também fez tipos mais densos e menos engraçados, como a Agnes de "Alma Gêmea" e a Socorro de "Caras e Bocas". Hoje em dia é até meio difícil imaginar uma novela do Walcyr sem ela no elenco, embora exceto as anteriores à 2001, Savalla não tenha participado do remake de "Gabriela", de "Verdades Secretas" e da próxima novela das 9, que tem o título provisório de "O Outro Lado do Paraíso".

Outros atores de "A Padroeira" que estiveram na novela seguinte foram Mariana Ximenes (Isabel), que viveu a protagonista Ana Francisca, Rodrigo Faro (Faustino), que foi o advogado Guilherme, Laura Cardoso (Silvana), que era a vovó Carmem, Isaac Bardavid (Filipe Pedroso), que dava vida ao Paulo, Samuel Melo (Cosme), que era o Beleza e Luiz Antônio do Nascimento (Damião), que interpretou Joia, além de Cláudio Corrêa e Castro, o conde Claus de "Chocolate" que fez uma participação na trama de 2001 como Dom Agostinho de Miranda e Patrícia França, a Blanca de "A Padroeira" que participou da novela de 2003 como Drª Sofia Menezes.

Esticamento da trama


Mesmo não indo bem na audiência, conseguindo apenas médias de 25 pontos no Ibope (a meta para o horário era 30) e com todos os problemas, "A Padroeira" foi esticada até meados de janeiro de 2002 por conta do cancelamento de "Dança da Vida", de Maria Adelaide Amaral, que seria sua sucessora e não foi exibida por abordar política às vésperas do período eleitoral. A novela acabou ficando com 215 capítulos, sendo que o último teve 39 pontos de média, com picos de 43. Mas mesmo assim, sua média geral foi de 26 pontos, considerada baixa para a época.

Bastidores movimentados


Apesar de ser uma trama inspirada na religião católica, os bastidores eram bem mais tensos. Com as já citadas mudanças de elenco e outros fatores de estresse, incluindo o baixo Ibope, o espichamento da história deixaram os atores nervosos. O então colunista da Folha de S. Paulo Ricardo Feltrin afirmou que o estresse foi tanto que Mariana Ximenes teria se internado em um spa após terminar a novela e que dois atores teriam brigado durante as gravações.

Resultado de imagem para a padroeira novela diogoEmbora os nomes dos envolvidos nunca tenham sido divulgados, muitos afirmam que Elizabeth Savalla e Susana Vieira teriam se desentendido a tal ponto que nem se falavam mais. Esta história veio à tona durante a exibição de "Amor à Vida", novela na qual as duas atrizes se encontraram novamente. Claro, Susana desmentiu tudo, disse se tratar de mais uma invenção da imprensa e até elogiou a suposta rival no Video Show.

Mas mesmo assim, ainda havia espaço para o amor. Dois dos atores principais, Deborah Secco e Maurício Mattar, iniciaram um relacionamento durante as gravações da novela. O namoro durou até 2002.

Outros nomes da novela que já nos deixaram

Resultado de imagem para a padroeira novela dom lourençoAlém do diretor Walter Avancini, também já faleceram atores como Paulo Goulart (Dom Lourenço de Sá), Norton Nascimento (Zacarias), Yoná Magalhães (Úrsula), Ida Gomes (Zuleica) e o diretor substituto Roberto Talma.

Fontes


A Padroeira - Teledramaturgia
As Minas de Prata - Teledramaturgia
Diário de Cuiabá - Walcyr Carrasco enfrenta novo desafio com "A Padroeira" 
ISTOÉ Gente Online - Nova direção tenta salvar novela A Padroeira
Estadão - Esquenta o clima nos bastidores de "A Padroeira"
Estadão - Amigos despedem-se de Avancini
Folha Online - Colunas Ooops! - Notinhas da Fama - 30/01/2002
F5 - Para evitar brigas, Susana Vieira e Elizabeth Savalla não se cruzam nos bastidores da Globo

segunda-feira, 3 de abril de 2017

Apostas para A Força do Querer


Hoje finalmente estreia A Força do Querer, nova novela das 9 que vem com a difícil missão de resgatar o sucesso dos tempos de outrora. Mas como será que a trama de Glória Perez vai se sair na audiência? Será que o povão vai gostar? Quais personagens farão sucesso e quais ficarão apagados? O A.N.A. trará os seus palpites!

Trama

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"Após uma década e meia apresentando a cultura de outros países, Gloria Perez decidiu mostrar os costumes brasileiros em seu novo projeto. A Região Norte foi escolhida como cenário. A viagem é feita de barco até o fictício vilarejo de Parazinho. É lá que, no primeiro capítulo, Zeca (Marco Pigossi) e Ruy (Fiuk) - ainda crianças - se afogam e são salvos por índio que entrega à dupla uma espécie de amuleto e lhes dá um aviso: a água que os uniu será a mesma que irá separá-los.
Uma grande desilusão amorosa é capaz de revirar a vida de qualquer pessoa e pode abrir caminhos para nova paixão. É isso que vai acontecer com Zeca. É no bairro de Portugal Pequeno que ele se refugia para esquecer Rita (Isis Valverde), que o abandonou logo após o casamento. E será nesta localidade de Niterói, bem distante de Parazinho, palco de sua desilusão amorosa, que ele vai conhecer Jeiza (Paolla Oliveira), uma mulher completamente diferente de todas que ele já conheceu".
A própria Glória, que é natural do Acre, já tinha falado sobre a região na sua minissérie Amazônia - De Galvez a Chico Mendes, em 2007. E mais recentemente, a novela Além do Horizonte tinha boa parte de suas cenas nessa região.

Essa parte meio mística da trama pode causar desconfiança inicial em alguns telespectadores mais exigentes e gerar cobranças caso Zeca e Ruy não tenham mais conflitos no decorrer da trama. E é o que pode acontecer se Fiuk se sair muito mal na novela e tiver seu espaço reduzido, que nem Bahuan de Caminho das Índias. Este tipo é muito arriscado: playboy mimado que rouba a namorada de um rapaz pobre, se não for feito por um ator carismático que cative o público, já era.

Percebam que há uma vaga semelhança ao núcleo principal de Haja Coração. Temos um caminhoneiro brutamontes (Zeca/Apolo) que disputa o amor de uma mulher (Ritinha/Tancinha) com um ricaço que promete o mundo (Beto/Ruy) e se envolve com outra que é meio feminista e não se deixa intimidar pelos homens (Tamara/Jeiza). Mas se Haja Coração tinha um viés mais machista, A Força do Querer segue (ou tentará seguir) caminho oposto: a força feminina será mais forte e dominante dessa vez. Talvez isso tenha a ver com o fato de que quem escreve essa novela é uma mulher, enquanto que Haja Coração foi escrita por um homem (Daniel Ortiz). Mas o fato é que os machões terão que se desconstruir um pouquinho se não quiserem terminar sós.

"Bibi (Juliana Paes) é uma mulher linda e cheia de personalidade, que necessita do fogo de uma paixão arrebatadora para ver sentido em sua vida. É em função disso que ela termina um noivado estável com o colega da faculdade de Direito Caio (Rodrigo Lombardi), para se entregar de corpo e alma à adrenalina que Rubinho (Emilio Dantas), um estudante de Química que faz bicos como garçom, lhe proporciona. 
'Falta encantamento!' Essas palavras, ditas por Bibi, ainda soam na cabeça de Caio. Com coração partido, o advogado se mudou para os Estados Unidos, abandonando de vez o plano de fazer parte da diretoria da empresa de seus primos, a Irmãos Garcia. Passados 15 anos, ele está de volta ao Rio e o destino tratará de fazer Bibi cruzar o seu caminho novamente.
Casada com Rubinho e mãe de Dedé, Bibi precisou interromper a faculdade para trabalhar e garantir o sustento da família. A vida do casal é cheia de paixão, mas com pouco dinheiro. Aurora (Elizângela), mãe dela, não se conforma com a escolha da filha e recorre a Caio quando Bibi está para ser despejada de casa. Surpreendentemente, o advogado decide ajudar e empresta um imóvel para a ex morar com família, desde que Aurora não revele à filha quem a está ajudando.
Amor, vingança ou apenas uma boa ação? Nem Caio consegue entender o que o leva a tomar tal decisão. Em princípio, a vida de Bibi melhora, mas sua louca paixão por Rubinho a levará a fazer escolhas erradas. Ela vai entrar no mundo crime e ficará conhecida por todos como “Bibi Perigosa”. A esta altura, Caio estará ocupando um alto cargo ligado à Justiça e viverá um grande conflito íntimo entre a ética e o seu grande amor".

Essa promete ser a parte mais intrigante da trama. A Bibi Perigosa é inspirada numa personagem real, que saiu da vida do crime e escreveu um livro sobre o assunto. Mas Caio pode ser o calcanhar de aquiles desse núcleo promissor. Motivo? Caio parece ser a nova versão de Théo de Salve Jorge, mocinho apagado e muito criticado da novela anterior de Glória Perez.

Mas assim como Salve Jorge, o ponto alto da trama promete ser o que envolve uma investigação policial. Em determinado momento, Bibi ficará cada vez mais perigosa e mobilizará vários personagens em sua perseguição, incluindo Jeiza, e a novela ganhará contornos policialescos nessa parte. O público provavelmente se vai assistir e torcer para que Jeiza pegue Bibi ou para que Bibi consiga fugir de Jeiza. E isso pode se refletir no Ibope.

"A empresa Irmãos Garcia é uma das maiores empresas de ramo alimentício no Brasil, comandada com pulso firme pelos irmãos Eugênio (Dan Stulbach) e Eurico (Humberto Martins). Embora parceiros, eles têm temperamentos completamente opostos. Eugênio quer sair do posto de chefia que ocupa e seguir a tão desejada carreira de advogado. No entanto, diversos infortúnios o fizeram adiar seus planos e, passados 15 anos, com Ruy já adulto, chega a hora de realizar o sonho adiado.
Esta decisão vai acirrar os ânimos familiares. Assim como o irmão Eurico, Joyce (Maria Fernanda Cândido), esposa de Eugênio, também não aceita o plano do marido. E este será apenas um dos dilemas familiares. O casal terá que lidar com as consequências das confusões de Ruy, que em uma viagem ao norte do país, se encanta por Rita (Isis Valverde) e coloca em risco seu noivado com Cibele (Bruna Linzmeyer). 
Já Ivana (Carol Duarte), a filha mais nova do casal, criada como a princesinha dos pais, se revelará trans homem. Ela vai querer resgatar a sua identidade: é um homem que nasceu em um corpo de mulher. Como a casal vai reagir diante desses turbilhões?"

Como o público vai reagir diante desse turbilhão, isso sim! O transexualismo é o grande trunfo da A Força do Querer e antes mesmo da novela estrear, já gera polêmicas. Uns ativistas implicaram com a escolha de uma mulher para o papel, e outros simplesmente não gostaram de ver esse assunto na TV. Nossa aposta é que apesar de alguns textões iniciais criticando a abordagem, A Força do Querer fará sucesso entre os ativistas LGBT e será considerada um marco para eles. Mas Glória Perez terá que lidar com os constantes ataques dos homofóbicos de extrema-direita e de evangélicos liderados por Silas Malafaia que tentarão promover outro boicote à novela.

"Em meio à crise em seu casamento, Eugênio se envolverá com a misteriosa Irene (Débora Falabella).  Arquiteta e amiga de Silvana (Lília Cabral), a moça é manipuladora e é capaz de tudo para conseguir o quer. Tem um passado extremamente perigoso e desconhecido das outras personagens". 

Esse núcleo vem sendo apontado como sendo extremamente similar ao de Caminho das Índias. Irene, vivida por Débora Falabella, tem um quê de Ivone: seduz um ricaço insatisfeito com sua vida e com o casamento em crise para dar o golpe nele e ficar com toda a sua grana. 

"Do outro lado da família Garcia tem Eurico, um homem cético que quer ter o controle sobre tudo e sobre todos. Sua esposa, Silvana (Lilia Cabral), é o oposto. Viciada em jogo, vai cair de cabeça na dependência, colocando em risco o patrimônio da família. A filha do casal é Simone (Juliana Paiva), uma jovem linda e vaidosa e melhor amiga da prima Ivana".

O vício em jogo já tinha aparecido em Salve Jorge com o personagem Celso (Caco Ciocler), mas agora o tema terá uma abordagem ainda mais ampla, mostrando como o jogo destrói a vida das pessoas. É um tema importante, ainda mais com as crescentes discussões em torno da legalização da jogatina no Brasil. A novela pode dar um banho de água fria em quem defende a legalização e aumentar o número de opositores dessa ideia.

Quais personagens farão sucesso?

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A novela terá vários protagonistas, mas os tipos que mais chamam a atenção são Ritinha, a sereia de Ísis Valverde, Jeiza, a policial e lutadora de MMA nas horas vagas interpretada por Paolla Oliveira, e Bibi, personagem de Juliana Paes que se torna traficante por causa do namorado. Se a imprensa não para de falar da sereia, da policial lutadora e da traficante, o público então...

Outros personagens que podem bombar são Edinalva (Zezé Polessa) e Abel (Tonico Pereira), que prometem ser tipos bastante divertidos. Ela é mãe de Ritinha e ele é pai de Zeca, os dois não aprovam o relacionamento entre seus filhos e vivem implicando um com o outro. Eles provavelmente terão bordões e serão o alívio cômico da trama, já que Zezé e Tonico são experientes no humor e sempre cativam o público quando interpretam esse tipo de personagem.

Ainda tem o núcleo cosplayer, com Yuri (Drico Alves), Heleninha (Totia Meirelles) e Junqueira (João Camargo), que vivem em conflito com o garoto que se veste como personagens de animes e desenhos animados e vive no celular. Os pais poderão entender melhor esse fenômeno e os otakus podem gostar de se ver retratados numa novela pela primeira vez.

Algumas novelas anteriores, como A Regra do Jogo, pecaram pela falta de química entre os casais. A Força do Querer aparentemente não sofrerá desse mal, já que veremos reedições de alguns casais de sucesso, como Juliana Paes e Rodrigo Lombardi, que foram Maya e Raj em Caminho das Índias  e Ísis Valverde e Marco Pigossi, que foram Sandra e Rafael em Boogie Oogie. Ambos os casais serão par romântico novamente, e há grandes chances deles terminarem juntos, ainda mais se Marco não tiver química com Paolla Oliveira.


Quais personagens serão criticados?

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O playboy Ruy foi motivo de controvérsias assim que anunciaram que Fiuk seria seu intérprete. Muitos não gostam do filho do Fábio Jr. como ator e o consideram um canastrão, e agora que ele fará um protagonista, a chance dele se sair mal é muito grande. Vamos torcer para que Fiuk tenha evoluído como ator e dê conta do recado, mas aviso logo: mesmo que ele vá bem, a má vontade contra ele é grande.

Outro que vem sendo alvo de críticas é Marco Pigossi. Zeca já é o seu quarto mocinho consecutivo e muitos o consideram um ator limitado porque vem fazendo sempre o mesmo tipo de personagem. Além dele, o outro mocinho masculino que tem gerado desconfiança é Caio, que, como já dissemos, parece ser uma reedição de Théo de Salve Jorge. e pode ser que seja tão chato e PasThéo quanto.

E também os personagens avulsos: Cibele, que também era creditada como uma das protagonistas, mas agora mal aparece nas chamadas. A personagem é (ou era) noiva do Ruy até ele chifrá-la com Ritinha. Não sabemos se isso se deve ao fato de que Bruna Linzmeyer assumiu um namoro com uma mulher no ano passado (com quem já terminou) e foi vista recentemente aos beijos com outra. O fato é que se ela tiver algum destaque, será mais para o meio da novela. E também Simone. Vejam que só mencionam que ela é filha de Silvana e Eurico e amiga da prima Ivana, de quem certamente será a orelha de suas angústias sobre seu próprio corpo. Prevemos que se a situação continuar assim, os fãs de Juliana Paiva vão ficar bastante desapontados com a novela, a não ser que Glorinha tenha uma carta na manga envolvendo a personagem que ela só divulgará nos próximos meses.

Incógnitas

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O núcleo dos irmãos Garcia lembra muito o da família Cadore, com destaque para a golpista Irene. Sobre a personagem de Débora Falabella, Glória Perez já adiantou que ela é muito pior que a Ivone. Vale lembrar que ela escreveu Dupla Identidade, série na qual Débora esteve no elenco, e deve ter um vasto repertório sobre psicopatas. 

E também o transexualismo, que pode ser criticado e ter sua abordagem reduzida ou aclamado e virar realmente um marco na teledramaturgia brasileira. A Globo tentou preparar os telespectadores sobre o tema com a série do Fantástico Quem Sou Eu?, encerrada no último domingo, e vamos torcer para que os brasileiros se sensibilizem com o assunto e a discriminação aos trans diminua com essa novela.

Ao menos, o título terá a ver com a trama:

"Em A Força do Querer, os caminhos de diferentes personagens se cruzam quando suas trajetórias pessoais os levam ao limite, fazendo-os ultrapassar seus horizontes, desafiar barreiras e vencer conflitos. Nesse percurso, a força do querer de um afeta a força do querer do outro, determinando, assim, os rumos desta história". 

Ibope


Primeiro capítulo deve ter Ibope baixo: 25, e deve seguir baixo, porém aumentando com o decorrer da trama. Apostamos em picos de 40 ou mais nas últimas semanas da novela.

A Força do Querer pode não fazer sucesso, mas vai recuperar os índices perdidos com A Lei do Amor e levantar o Ibope para que O Outro Lado do Paraíso, de Walcyr Carrasco, tenha uma entrega melhor.


Repercussão


Na primeira semana não faltarão elogios à novela, afinal ela promete ser melhor que A Lei do Amor. Depois, começarão as brigas de shippers de casais, alguns acusarão a novela de ser muito absurda,  o transexualismo dominará as controvérsias, com várias críticas homofóbicas, bolsominions dirão que a autora é esquerdista, Silas Malafaia comandará outro boicote às novelas, Glória Perez vai bloquear meio mundo de críticos no Twitter, mas depois a novela vai parar nos Trends por causa da caçada à Bibi Perigosa.

Prêmios?


Se a novela fizer muito sucesso, vai papar todos os prêmios, principalmente o de Atriz Revelação (Carol Duarte), Melhor Atriz (Paolla Oliveira, Juliana Paes ou Ísis Valverde), Melhor Novela e até um Emmy.

Legado


No futuro, se lembrarão de A Força do Querer como a novela da menina trans, da policial lutadora de MMA, da sereia e da Bibi Perigosa.

sexta-feira, 31 de março de 2017

As Piores Novelas de Todos os Tempos - Anastácia, a Mulher sem Destino



Em homenagem ao último capítulo de A Lei do Amor, resolvemos começar uma série mostrando novelas igualmente ruins para que a novela de Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari se sinta acolhida e protegida. O A.N.A. apresenta... As Piores Novelas de Todos os Tempos!

E para começar, escolhemos aquela que era hors-concours no quesito ruindade e é lembrada até hoje por conta disso:



Enredo

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"França, século XVIII. Aperta o cerco aos republicanos espalhados por todo o país. Em Paris, Henri Monfort (Henrique Martins) é um dos que lutam contra a monarquia vigente na época. Casado com Anastácia (Leila Diniz), ele planeja a fuga de sua família para o Castelo de Monfort, propriedade que acabara de herdar. Mas, na hora da partida, é preso, fazendo com que Anastácia e a filha recém-nascida do casal, Henriette, sigam sozinhas.
Vítimas de uma emboscada, as duas são separadas: Anastácia acaba prisioneira em um navio corsário; e Henriette passa a ser criada pelos camponeses Pierre (Ênio Santos) e Gaby (Míriam Pires), que desconhecem sua origem. A falta de notícias da filha faz com que Anastácia, aos poucos, enlouqueça.
Paralelamente, se desenrola a trama de Blanche (Aracy Cardoso), filha do Marquês de Serval. Com a morte de Bernard (Hugo Santana), seu grande amor, ela acaba se rendendo ao pedido do pai e casa-se com o comandante Fábio Orsini (Edson França), sem saber que está grávida. O filho de Blanche nasce quando seu marido está em uma expedição em alto mar. Antes de ser entregue a mãe, no entanto, o bebê é raptado pelo marquês e entregue aos camponeses Gaby e Pierre, os mesmos que cuidam de Henriette. Blanche acredita que a criança nascera morta.
Quando retorna de sua longa viagem, Fábio descobre que a mulher tivera um filho durante sua ausência e que, ao contrário do que todos acreditam, ele está vivo. Ao ficar sabendo da verdade, Blanche passa a dedicar sua vida à busca pela criança, indo quase à loucura".

A história é baseada no folhetim francês A Toutinegra do Moinho, de Émile de Richebourg. Isso era comum nos primórdios da televisão brasileira, já foram veiculadas por aqui diversas versões novelísticas de clássicos da literatura, como Os Miseráveis, O Morro dos Ventos Uivantes, A Moreninha, Gabriela, A Sombra de Rebecca e Sangue e Areia, respectivamente a antecessora e a sucessora de Anastácia. Mas a página da novela no site Wikipédia conta uma versão totalmente equivocada da trama, dizendo que Anastácia é, na verdade, filha do czar Nicolau II. Esta história não tem nada a ver com a novela de 1969, e sim com o filme de 1997.

Pra você ver a moral baixa que essa novela tem, até o site Memória Globo tira onda com a trama:

"Janete Clair estreou em novelas na TV Globo promovendo um terremoto que matava mais de 100 personagens de uma vez". 
"Apesar de baseada no folhetim francês 'A Toutinegra do Moinho', de Émile de Richebourg, a trama guarda poucas semelhanças com o original". 

Sim, a novela é muito mais famosa e lembrada até hoje por causa do fatídico terremoto que matou praticamente todo mundo da novela do que pela história em si! Saiba o porquê dessa decisão tão drástica.

Anastácia vinha mal de audiência. O autor não estava dando conta de tantos personagens criados e de escrever tantas tramas para eles. Para tentar dar jeito na coisa, Glória Magadan, a supervisora da trama e a autora mais badalada e bam-bam-bam da época, chama Janete Clair, que até então não era ninguém na fila do Bolsa Família. Veja o que Glória teria dito à sua discípula:



Janete leu, releu, treleu e provavelmente não entendeu nada daquilo. Então, tomou uma atitude corajosa e ousada, não só para a época, como ainda hoje: matar todo mundo. Como? Com um terremoto!

Imagina a cena: um telespectador incauto de 1967 liga a sua TV em preto-e-branco para assistir Anastácia e se depara com praticamente todos os personagens da novela mortinhos da silva!

Só que nem tudo era perfeito, Janete acabou matando junto o único personagem que sabia do segredo da trama. Ela também bolou uma passagem de tempo de 20 anos e passou a focar nos destinos da filha de Anastácia, Henriette, e de Blanche, Roger, que viraram os protagonistas da trama. A novela ganhou ares de melodrama, com um toque de ação e rivalidade entre os irmãos Roger e Jean-Paul, que brigavam pelo amor de Henriette, a.k.a. Rose, e da mãe Blanche.

Desfecho

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Henriette/Rose (Leila Diniz) e Roger (José Augusto Branco)
"No intuito de agradar Blanche, que sempre o tratou com desprezo, Fábio (Edson França) diz à mulher que finalmente encontrou seu filho, Jean-Paul (Cláudio Calvacanti). Na verdade, trata-se de um impostor. O menino tem um comportamento agressivo, mas Blanche está disposta a conquistar seu amor.
Já mais velhos e cansados, Gaby (Mirian Pires) e Pierre (Ênio Santos) encontram dificuldade para continuarem com as crianças. Henriette é adotada pelos duques de Forestier, assume a identidade de Rose, a filha morta do casal, e cresce sem nunca desconfiar de sua origem. Somente no final da trama, reencontra-se com Henri (Henrique Martins) e Anastácia. Roger, por sua vez, é deixado na porta da casa da família Orsini. Fábio o recebe e, ao descobrir que aquele é o legítimo filho de Blanche, decide esconder a verdade de sua esposa, dizendo tratar-se do neto de um antigo cocheiro. Resistente à idéia no início, Blanche acaba concordando em criá-lo, sempre deixando claro que existe uma diferença entre Roger e Jean-Paul.
Os dois crescem juntos. Roger (José Augusto Branco), preterido pela mãe, torna-se um grande cravista. E o interesse pela música acaba o aproximando de Rose/Henriette (Leila Diniz). Apesar da identificação quase imediata, eles não se recordam que foram criados juntos por Gaby e Pierre. Os dois se apaixonam e passam a viver um romance cheio de obstáculos, a começar pelos duques de Forestier, que não aprovam o envolvimento da filha com Roger. Jean-Paul (Claudio Cavalcanti), por sua vez, é cercado pelo amor e pelo carinho de Blanche. Mas, ao contrário do irmão, transforma-se num homem de caráter duvidoso. Ele também se encanta com Rose, formando assim um triângulo amoroso. A rivalidade entre Jean-Paul e Roger é o fio condutor da história nessa segunda fase da trama.
O conflito entre os dois jovens é acirrado quando Jean-Paul comete um assassinato, e Roger, atendendo ao pedido de Blanche, assume a culpa no lugar do irmão. Com isso, Rose acaba casando-se com Jean-Paul.
No final, o comandante Orsini revela à mulher que Roger é seu filho legítimo, deixando Blanche transtornada por tê-lo rejeitado durante anos. Jean-Paul confessa ser ele o assassino e, não resistindo ao cerco formado para capturá-lo, acaba se matando. Logo em seguida, Fábio descobre que o rapaz era seu filho, fruto de um relacionamento que tivera antes de casar-se com Blanche. A revelação deixa o comandante atormentado pela culpa de ter provocado a desgraça de seu próprio filho. Diante do sofrimento do marido, Blanche o perdoa por todo o mal que provocara com suas mentiras.
Roger, por sua vez, perdoa a mãe, pois entende que ela fora tão vítima da crueldade de Fábio quanto ele. Roger se transforma no maestro Orsini, conquistando toda a corte com sua música, e casa-se com Rose".

No fim, Anastácia não foi lá um grande sucesso de audiência, mas garantiu à Janete Clair um longo contrato com a Globo. Não sabemos como era medida a audiência naquele tempo, talvez o pessoal do Ibope saísse às ruas perguntando quem estava assistindo o quê na televisão ou fosse de casa em casa vendo o que as pessoas estavam assistindo na TV.

Curiosidades

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Dos atores principais, apenas José Augusto Branco (Roger), Henrique Martins (Henri de Montfort) e Aracy Cardoso (Blanche) estão vivos. Leila Diniz (Anastácia/Henriette/Rose) faleceu num desastre aéreo em 1972, aos 27 anos, no auge da fama, e Cláudio Cavalcanti (Jean-Paul) morreu em 2013, aos 73 anos, de falência múltipla dos órgãos.

Resultado de imagem para anastácia a mulher sem destinoFalando em Leila, ela era uma das atrizes mais famosas, badaladas e polêmicas naquele tempo. Falava palavrão, não ligava nem um pouco pras convenções sociais, chocou a família tradicional brasileira ao exibir a sua gravidez de biquíni na praia (hoje é normal, mas na década de 1960 era praticamente um atentado ao pudor) e disse frases como essas:

"Transo de manhã, de tarde e de noite"."Você pode muito bem amar uma pessoa e ir para cama com outra. Já aconteceu comigo".

Tamanha polêmica fez com que a Globo não renovasse o contrato com a atriz, alegando razões morais.

Anastácia foi a primeira e única novela do autor, Emiliano Queiroz. Ele preferiu seguir atuando e o fez muito bem, esteve em novelas como Irmãos Coragem e O Bem-Amado, vivendo personagens marcantes como Juca Cipó e Dirceu Borboleta, e mais recentemente, participou de Haja Coração.

Emiliano e o diretor geral Henrique Martins também atuavam na novela: Emiliano interpretou Pepe Le Coq e Henrique era Henri de Montfort, par romântico de Anastácia e pai de Henriette/Rose.

O diretor Régis Cardoso também se deu bem após Anastácia, dirigiu novelas como O Bem-Amado, a primeira versão de Anjo Mau e Locomotivas, além de ter sido casado com Suzana Vieira entre 1961 e 1972, com quem teve o filho Rodrigo. Ele faleceu em 2005, aos 70 anos, vítima de um AVC.

Depois dessa novela, Janete Clair foi se tornando uma novelista cada vez mais famosa e badalada, enquanto Glória Magadan começou a entrar em um estágio de decadência. Claro que isso gerou atritos entre as duas, Glória ficou fula da vida com isso. Ela acusou o diretor Daniel Filho de prestar maior atenção às produções de Janete, fazendo com que ele pedisse demissão da emissora, e atazanou a vida da rival, proibindo que Janete se comunicasse diretamente com o elenco. Glória acabou demitida em 1969 e tentou retomar o sucesso na Tupi, mas fracassou e se mandou para Miami, onde morreu em 2001. Já Janete continuou fazendo sucesso até sua morte, em 1983.

A propósito, neste ano, Anastácia, a Mulher Sem Destino completará 50 anos! Obviamente, só mesmo os noveleiros de carteirinha é que vão se lembrar da data. Nós já começamos as comemorações!

quinta-feira, 16 de março de 2017

O que A Lei do Amor e O Amor é Nosso têm em comum?



As duas novelas fracassaram na audiência e foram achincalhadas pela crítica. Só pelo título já dá pra saber que A Lei do Amor e O Amor é Nosso têm muito em comum. Além disso, veja outras características que as duas novelas compartilham:

Dois autores "estreantes"A Lei do Amor é escrita por Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari, a primeira novela da dupla no horário nobre como autores principais. Maria Adelaide já tinha escrito Meu Bem Meu Mal em parceria com Cassiano Gabus Mendes. Vincent é estreante como autor titular nas novelas das 9, mas já foi colaborador de A Favorita, com João Emanuel Carneiro. O Amor é Nosso era de autoria de Roberto Freire e Wilson Aguiar Filho. Roberto, um psiquiatra, nunca tinha escrito novelas, e Wilson estava estreando no horário das 7. Dizem que duas cabeças pensam melhor que uma, mas nesses dois casos não deu muito certo.

Imagem relacionadaUm protagonista chamado Pedro que briga com o pai e sai de casa: Uma curiosidade envolvendo as duas novelas é a repetição do nome Pedro para o protagonista. Os dois tinham objetivos distintos: o de Fábio Jr. queria ser cantor e o de Reynaldo Gianecchini quer desmascarar as maldades de sua madrasta Magnólia (Vera Holtz), mas fizeram escolhas em comum: saíram de casa após brigarem com os pais e foram morar em um lugar com muita gente.
Resultado de imagem para o amor é nosso pedroO Pedro de O Amor é Nosso se mudou para uma república e o Pedro de A Lei do Amor foi morar na pensão da dona Zuza (Ana Rosa) depois de passar anos viajando pelo mundo. Além deste, ambas as novelas tinham personagens chamados Bruno (Buza Ferraz/Armando Babaioff), Leonardo (Stênio Garcia/Eriberto Leão), Laura (Isabel Ribeiro/Heloísa Jorge), Suzana (Liza Vieira/Regina Duarte) e Celso (Nelson Dantas/Marcelo Várzea).

Muitos jovens no elenco: O Amor é Nosso era pra ser uma novela voltada para os jovens, seu comportamento e sua maneira de amar. Já A Lei do Amor teve jovens na primeira e na segunda fase: os protagonistas e outros personagens apareceram com cerca de vinte anos nos primeiros capítulos e agora vemos seus filhos, sobrinhos, afilhados, amigos e chegados.

Personagens inúteis: As duas novelas contam com vários personagens que não servem pra nada, sendo verdadeiros figurantes de luxo. Muitos deles do núcleo jovem da novela.

Imagem relacionadaUm padre: Em O Amor é Nosso, o padre Leonardo (Stênio Garcia) era um tipo que queria revolucionar a Igreja Católica. Já o padre Paulo (César Mello) de A Lei do Amor não tem essa preocupação. Acreditava na generosidade de Mág e até colaborava em seus projetos sociais.

Autor experiente que entra no meio da novela para tentar dar jeito na coisa: Com o fracasso das novelas, autores foram designados para reescrever o texto. O Amor é Nosso contou com o auxílio de Walther Negrão, o autor de Sol Nascente, que se livrou de alguns personagens e tramas através de uma passagem de tempo e deu mais enfoque ao romance. A Lei do Amor conta com a inglória ajuda de Ricardo Linhares, um dos autores de Babilônia, que segundo seus críticos, teria desfigurado a novela com suas interferências, mudando drasticamente o caráter dos personagens, criando situações esdrúxulas e sem sentido.

Resultado de imagem para a lei do amor zelito e wesleyTramas eliminadasO Amor é Nosso tinha uma trama policial envolvendo o sumiço da personagem Cíntia (Simone Carvalho). O pai e a tia da moça acusavam o padre Leonardo, já que ele e a jovem eram próximos. Mas com as mudanças no roteiro, essa trama foi eliminada. Já A Lei do Amor tinha um viés político muito forte, com vários personagens bons ou maus envolvidos em uma disputa eleitoral pela prefeitura de São Dimas, mas isso foi deixado de lado. Assim como o relacionamento entre o frentista Wesley (Gil Coelho) e Zelito (Danilo Ferreira), que foi descartado antes mesmo de começar com a morte inesperada do rapaz negro.

Personagens sumidos: Claro que com as mudanças de rumo das duas novelas, muitos personagens desapareceram. Para O Amor é Nosso, foi cogitado repetir o terremoto de Anastácia, a mulher sem destino, e também um ônibus da morte para sumir com os personagens mais inúteis da trama, mas tudo isso foi descartado por Negrão, que preferiu simplesmente encerrar as tramas desses personagens. Já A Lei do Amor tentou uma espécie de rodízio, tirando alguns personagens por uns tempos e colocando os vilões para assassinar outros, como o jornalista Élio (João Campos), a mais recente baixa.

Número de capítulosO Amor é Nosso estreou em 27 de abril de 1981 e terminou em 23 de outubro do mesmo ano, durando quase seis meses e com 155 capítulos. A Lei do Amor estreou em 3 de outubro de 2016 e está prevista para terminar em 31 de março de 2017, durando os mesmos quase seis meses e com os mesmos 155 capítulos.

Resultado de imagem para sílvio de abreuSílvio de Abreu: O atual diretor do Departamento de Dramaturgia da Globo foi quem aprovou a A Lei do Amor, que está ocupando o espaço que seria de uma novela do Sílvio, alterou sua ordem de exibição (a atual novela viria após A Regra do Jogo) e está supervisionando as mudanças no enredo. Ele foi o autor da sucessora de O Amor é Nosso. Jogo da Vida, que fez muito sucesso, e também da antecessora, Plumas e Paetês, substituindo Cassiano Gabus Mendes, que sofreu um enfarto e teve que se ausentar da trama. O curioso é que Plumas não estava indo bem de audiência até Sílvio mexer na trama, mudando os destinos de alguns personagens como a protagonista Marcela, outrora uma moça simples do interior que era obrigada a assumir a identidade de Júlia após um acidente de carro no qual só ela sobreviveu, e que se tornou uma mulher dissimulada, oportunista e trapaceira que tentava manter sua mentira a todo custo. Os protagonistas de A Lei do Amor também experimentaram uma mudança de caráter, com destaque para Pedro, que abominava a traição do pai na primeira fase e recentemente traiu Helô com Laura.

E ainda: Ninguém de O Amor é Nosso está ou esteve em A Lei do Amor. Só a trilha sonora das duas tramas que têm um cantor em comum: Milton Nascimento, que teve a canção Sentinela no CD de O Amor é Nosso e a música Maior, em parceria com Dani Black no volume 2 do CD de A Lei do Amor.

Para encerrar esse post, deixo uma crítica que Artur da Távola fez no jornal O Globo de 25 de outubro de 1981, após o término de O Amor é Nosso que cabe perfeitamente em A Lei do Amor:

"Muito difícil fazer um balanço crítico de O Amor É Nosso. Diante de tantas alterações, impossível analisar a obra. Não há obra. A novela acabou descosida, diferente, desossada, embora de certa forma divertida. Mas morrerá sem deixar saudades (...) A novela ficará como essas pessoas que morrem jovens: partem cheias de promessas e esperanças do que poderiam ter sido, se tivessem vindo a ser".
 

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Raiz vs. Nutella versão Novelas



Está na moda dividir pessoas e coisas em "raiz" e "nutella". O raiz é mais tradicional, antigo, enquanto o nutella é mais moderno e contemporâneo. Claro que as novelas (e os noveleiros) não iam ficar de fora.



E não fica só nisso! Os galãs de novelas não foram poupados do meme


Até o Marcos Pasquim entrou na brincadeira


E aí, de que lado você está?

10 novelas que poderiam substituir Pai Herói no Viva



Hoje foi divulgado que Por Amor será a substituta de Pai Herói no Viva a partir de maio. A notícia desagradou os fãs do canal, já que a saga da Helena (Regina Duarte) já tinha sido reprisada entre 19 de maio de 2010 e 8 de fevereiro de 2011. Ok, estamos em 2017 e já tem um tempinho, mas uma re-reprise está gerando revolta na internet.

O pior é que a novela anteriormente anunciada era Pátria Minha, e apesar de nunca ter sido reprisada (nem no Vale a Pena Ver de Novo), a novela encontrou forte rejeição, por ser considerada uma das piores do Gilberto Braga (claro que a pior é Babilônia). O canal costumava escolher reprises inéditas (até agora) e a justificativa, segundo Cristina Padiglione, é que o alcance do Viva hoje é mais do que o dobro de 2010, afinal o canal pago estava ainda no começo e não estava em pacotes mais baratos, como agora. Mas mesmo assim, achamos que o Viva deveria seguir em sua tradição de evitar re-reprises e reviver outros clássicos nunca antes reprisados pelo canal.

Por isso, o ANA separou 10 novelas incríveis que poderiam perfeitamente reprisar no Viva no lugar de Pai Herói.




Tá certo que é dos anos 2000, mas a novela já tem quase 15 anos (!!!) Se é pra escolher uma do Manoel Carlos que nunca passou no canal, que seja essa, que tinha Christiane Torloni de Helena, a Bruna Marquezine de Salete (será que ela era tão boa assim naquele tempo?), o Marcos (Dan Stulbach), que dava raquetadas na ex Raquel (Helena Ranaldi), Alinne Moraes de lésbica (foi ela que deu o primeiro beijo gay em novelas globais, junto com Paula Picarelli), a Dóris (Regiane Alves), que maltratava os avós e muitos outros personagens maravilhosos! Na nossa opinião, foi a última novela do Maneco que prestou, afinal as seguintes, Páginas da Vida, Viver a Vida e Em Família foram modorrentas e horríveis (também, dirigidas pelo Jayme Monjardim, os dois juntos só podiam dar nisso).

9 - Fera Radical (1988)


A mesma Cristina Padiglione disse em seu site que Fera Radical está na linha sucessória das novelas do Viva. As suas reprises bem-sucedidas no quadro Novelão da Semana do Video Show provam que a trama de Walther Negrão não envelheceu com o tempo. Quem via a Nina (Débora Falabella) de Avenida Brasil andando de moto pode não sacar a clara referência à Cláudia, protagonista vivida por Malu Mader, que também gostava de passear em motocicletas e planejava uma vingança contra os assassinos de sua família. Seria uma boa chance de matarmos a saudade de Thales Pan Chacon, Elias Gleizer, Paulo Goulart, Yara Amaral e tantos outros. Então, por que não colocá-la no lugar de Pai Herói?

8 - Guerra dos Sexos (1983)


Quem viu o fraco remake de 2012 pode ter ficado com uma péssima impressão desse clássico de Sílvio de Abreu. Mas seria uma injustiça com esse novelão que foi escrito no momento certo e do jeito certo, inovador e irreverente do começo ao fim (diferentemente do remake, que foi escrito no momento errado, do jeito errado, desatualizado e forçado). A versão original tinha muito mais carisma e improviso, além de contar com os grandes Fernanda Montenegro e Paulo Autran de protagonistas, além dos sempre ótimos Tarcísio Meira e Glória Menezes.

7 - Escrava Isaura (1976)


Até pouco tempo era a novela mais vendida da história da TV Globo. Fez com que Lucélia Santos, então uma menina de 18 anos, virasse uma estrela internacional. O Leôncio de Rubens de Falco está entre os maiores vilões das novelas. Mas as gerações atuais só conhecem o remake recordiano de 2004, que está sendo reprisado no horário das 7. É uma boa pedida!



Esta novela de Ivani Ribeiro foi uma das mais vistas da história da Globo no horário das 6. O protagonista, Ary Fontoura, disse certa vez que ainda era chamado de Seu Nonô nas ruas! Claro que as gerações atuais não sabem disso, e elas, assim como nós, adoraríamos saber o porquê de tanto sucesso. Além dele, também temos Fernando Torres, o marido falecido de Fernanda Montenegro, como o enigmático (feiticeiro?) Tio Romão, Yoná Magalhães como a pseudo-gringa Grace e também Carlos Eduardo Dolabella, Berta Loran, Caíque Ferreira, Cláudia Ohana e muitos outros.

5 - Pecado Capital (1975)


Recentemente, foi divulgado que o Viva estaria planejando uma reprise da versão de 1998. Essa ideia não foi pra frente, mas a novela de Janete Clair, que foi feita meio que de improviso após o cancelamento da primeira versão de Roque Santeiro, merece ser vista por todos. O dilema de Carlão (Francisco Cuoco), taxista que não sabia se devolvia uma bolada encontrada em seu táxi ou se ficava com o dinheiro, permanece atual, ainda mais nesses tempos de crise. Esta novela foi um divisor de águas na carreira de Janete, que tentou seguir o estilo mais realista do marido Dias Gomes (o autor de Roque Santeiro), em contraste com suas novelas anteriores, que tinham o clichê da mocinha romântica sofredora e do galã romântico, gênero que vinha sendo bastante criticado na época. Para esta tarefa, ela contou com a ajuda de Daniel Filho, o diretor da novela. O elenco também conta com Betty Faria, Lima Duarte, Rosamaria Murtinho, Débora Duarte e muitos outros atores, sendo que alguns eram da versão censurada de Roque Santeiro.
SPOILER: A cena da morte do Carlão entrou para a história da teledramaturgia. 



Simplesmente a obra-prima de Lauro César Muniz, até hoje o Sassá Mutema de Lima Duarte é lembrado, assim como sua paixão inocente pela professora Clotilde, interpretada por Maitê Proença, então uma das mulheres mais belas do país. Era uma trama eletrizante e cheia de polêmicas, com personagens controversos e dúbios, como o deputado Severo (Francisco Cuoco) e o jornalista socialista Juca Pirama (Luís Gustavo). O elenco ainda conta com Betty Faria, José Wilker, Lúcia Veríssimo, Susana Vieira e muito mais.

3 - Brega & Chique (1987)



A dobradinha de Glória Menezes e Marília Pêra, que dividiam o protagonismo dessa novela das 7, interpretando respectivamente a brega Rosemere e a chique Rafaela, dividiam um mesmo marido sem saber e trocam de vida drasticamente, é um dos melhores trabalhos de Cassiano Gabus Mendes. Claro que não poderíamos deixar de falar do Marco Nanini, que foi o Montenegro, secretário apaixonado por Rafaela (ele e Marília Pêra juntos não poderia dar em outra coisa senão sucesso), o marceneiro Baltazar (Dennis Carvalho), que amava Rosemere e tinha cenas hilárias com o inocente e analfabeto Bruno (Cássio Gabus Mendes) e também Raul Cortez, Jorge Dória (essa novela nos fez acreditar que os dois eram parecidos), Cássia Kiss, Nívea Maria e muitos outros.

2 - Corrida do Ouro (1974)


A primeira novela do Gilberto Braga pela Globo, só quem assistiu na época (ou noveleiros de carteirinha) é que se conhecem essa trama divertida e engraçada do horário das 7. Talvez seu maior pecado seja o preto-e-branco, afinal o Viva nunca reexibiu uma novela assim, mas não se deve julgar uma novela pelo seu tipo de imagem. Protagonizada por Sandra Brea (Isadora), Aracy Balabanian (Tereza), Célia Biar (Gilda), Renata Sorrah (Patrícia) e Maria Luíza Castelli (Ilka), que receberam um testamento que só lhes dariam o direito a ter uma herança milionária se elas cumprissem exigências incomuns. Além delas, temos também Zilka Salaberry como Kiki Vassourada, José Augusto Branco, Walmor Chagas, Yoná Magalhães e muitos outros nomes.

1 - Selva de Pedra (1972 ou 1986)



Deixamos por último este que é um verdadeiro clássico do horário nobre, uma das poucas novelas a alcançar 100% de audiência, em 1972. Quem viu sua reexibição no quadro Novelão da Semana do Video Show aprendeu a respeitar uma das melhores novelas que a Globo já fez. Para se ter uma ideia, o único remake exibido no horário das 8 foi justamente o de Selva de Pedra, em 1986, e a novela não fez feio na audiência. A versão original era protagonizada por Regina Duarte e Francisco Cuoco, como os tipos dúbios Simone e Cristiano, e os vilões são um show à parte: Dina Sfat e Carlos Vereza brilharam como Fernanda e Miro. O remake traz Fernanda Torres como a protagonista Simone, seria uma boa chance de vê-la em um papel diferente dos que ela costuma fazer nos últimos tempos, por isso achamos que qualquer uma das versões merece reprise. Além dela, também tinha Tony Ramos como Cristiano, Christiane Torloni era Fernanda e Miguel Falabella de Miro.

Claro que tivemos que deixar muitos clássicos de fora, afinal eram só dez novelas. Tem alguma sugestão? Não se esqueça de falar nos comentários!