
Hoje estreia a reprise de "A Padroeira" na TV Aparecida. Será a primeira novela da Globo a reprisar em outro canal que não seja do grupo comandado pela família Marinho. A novela, considerada até agora como o único fracasso de Walcyr Carrasco, enfrentou todo o tipo de imprevisto em seus bastidores: de mudanças no enredo, brigas nos bastidores até a diretor falecido no meio da trama. Saiba mais detalhes abaixo:
Inspiração

Como em todos os seus trabalhos, Walcyr se inspirou em um clássico da literatura para escrever "A Padroeira". Desta vez, a história escolhida para nortear a trama principal foi o romance "As Minas de Prata" de José de Alencar. O livro já havia sido adaptado para a televisão, por Ivani Ribeiro, em 1966, na novela produzida pela TV Excelsior, também dirigida por Walter Avancini, com Fúlvio Stefanini e Regina Duarte vivendo os personagens equivalentes a Luigi Baricelli e Deborah Secco nesta nova versão. O curioso é que Paulo Goulart estava nas duas novelas vivendo o mesmo tipo de papel: pai que é contra o casamento do casal de mocinhos, e Walter também precisou se afastar das duas tramas por motivos de doença. Em "Minas" seu substituto foi Carlos Zara, que também vivia o vilão Padre Molina. Outros atores de "A Padroeira" que também estiveram em "As Minas de Prata" eram Susana Vieira (Joaninha) e Stênio Garcia (Dom José). Grande parte dos nomes dos personagens foram alterados em "A Padroeira", à exceção de Molina, desta vez interpretado por Luís Melo. Além da obra de Alencar, Walcyr também usou elementos de Shakespeare e Alexandre Dumas. Sobre a saga amorosa dos protagonistas Cecília e Valentim, o autor disse à época: "É um "Romeu e Julieta" mesmo".
Autor à jato

Diretor falecido

Mudanças polêmicas

"Uma repórter ligou para a Maria Ribeiro (que interpreta a Rosa Maria) e perguntou o que ela achava de deixar da novela. A Maria foi saber o que estava acontecendo e descobriu que nós todos íamos sair. O pior foi a atitude do Talma. Ele podia perder cinco minutos do seu precioso tempo e falar conosco, nos tratar com dignidade e respeito".
Apesar das críticas, o autor disse ao mesmo jornal que isso já estava previsto.
"O que o Talma está fazendo é imprimir seu estilo vigoroso às cenas românticas. Tudo está sendo feito com a minha participação (...) Quem assistiu a outras novelas minhas sabe que entrada e saída de personagens é absolutamente comum e normal no meu estilo. Estou particularmente feliz por poder contar com uma atriz como a Suzana Vieira", diz Carrasco. "É absolutamente normal, depois de um mês de estreia, uma avaliação da novela. Nesse caso, só virou notícia por causa da entrada de um novo diretor, motivada pela doença do Avancini. O resto é especulação. Criar, recriar, dar reviravoltas, transformar a história é parte do processo de trabalho de uma novela, comum a todos autores. Às vezes, a interpretação de um ator é tão surpreendente, que ele acaba criando mais espaço na trama, abrindo novos caminhos para o autor. É o que está acontecendo, por exemplo, com a personagem da Imaculada, da Elizabeth Savalla, que ela está fazendo genialmente".

Traçando um paralelo com tramas seguintes do Walcyr, o triângulo Isabel - Diogo - Faustino era muito semelhante ao de Mafalda - Romeu - Zé dos Porcos de "Êta Mundo Bom", com direito a cenas de nudez de Diogo em alguns momentos. O núcleo ganhou tanto destaque que até ofuscou os protagonistas da trama, apesar de que a grande protagonista da novela era mesmo a santa.
Segundo o autor, todos os fatos relacionados à imagem da Nossa Senhora Aparecida mostrados na novela são reais (de acordo com registros da Igreja Católica) e as historias referentes a ela foram contadas praticamente sem alterações, embora tenham ocorrido em datas diversas da apresentada na trama.
Outras mudanças incluem personagens que tiveram a personalidade alterada, como a protagonista Cecília. Outrora mocinha ingênua e romântica, a personagem de Deborah Secco ganhou ares modernos, se tornando uma mulher de fibra. Mais cenas de amor e de comedia pastelão foram inseridas e a vilã amargurada e ressentida Imaculada (Elizabeth Savalla) ganhou contornos cômicos.
E essas alterações se refletiram na história: a bruxa Úrsula vivida por Yoná Magalhães seria a mãe desaparecida de Valentim, mas com a ida da atriz para "As Filhas da Mãe" (Yoná chegou a gravar as duas novelas simultaneamente!), tal função passou para Dorotéia. E Imaculada acreditava que Antônio (Stênio Garcia) era o pai de Izabel, mas com a ida do ator para ""O Clone", tal trama foi deixada de lado.
Novas Parcerias

Outros atores de "A Padroeira" que estiveram na novela seguinte foram Mariana Ximenes (Isabel), que viveu a protagonista Ana Francisca, Rodrigo Faro (Faustino), que foi o advogado Guilherme, Laura Cardoso (Silvana), que era a vovó Carmem, Isaac Bardavid (Filipe Pedroso), que dava vida ao Paulo, Samuel Melo (Cosme), que era o Beleza e Luiz Antônio do Nascimento (Damião), que interpretou Joia, além de Cláudio Corrêa e Castro, o conde Claus de "Chocolate" que fez uma participação na trama de 2001 como Dom Agostinho de Miranda e Patrícia França, a Blanca de "A Padroeira" que participou da novela de 2003 como Drª Sofia Menezes.
Esticamento da trama
Mesmo não indo bem na audiência, conseguindo apenas médias de 25 pontos no Ibope (a meta para o horário era 30) e com todos os problemas, "A Padroeira" foi esticada até meados de janeiro de 2002 por conta do cancelamento de "Dança da Vida", de Maria Adelaide Amaral, que seria sua sucessora e não foi exibida por abordar política às vésperas do período eleitoral. A novela acabou ficando com 215 capítulos, sendo que o último teve 39 pontos de média, com picos de 43. Mas mesmo assim, sua média geral foi de 26 pontos, considerada baixa para a época.
Bastidores movimentados
Apesar de ser uma trama inspirada na religião católica, os bastidores eram bem mais tensos. Com as já citadas mudanças de elenco e outros fatores de estresse, incluindo o baixo Ibope, o espichamento da história deixaram os atores nervosos. O então colunista da Folha de S. Paulo Ricardo Feltrin afirmou que o estresse foi tanto que Mariana Ximenes teria se internado em um spa após terminar a novela e que dois atores teriam brigado durante as gravações.

Mas mesmo assim, ainda havia espaço para o amor. Dois dos atores principais, Deborah Secco e Maurício Mattar, iniciaram um relacionamento durante as gravações da novela. O namoro durou até 2002.
Outros nomes da novela que já nos deixaram

Fontes
A Padroeira - Teledramaturgia
As Minas de Prata - Teledramaturgia
Diário de Cuiabá - Walcyr Carrasco enfrenta novo desafio com "A Padroeira"
ISTOÉ Gente Online - Nova direção tenta salvar novela A Padroeira
Estadão - Esquenta o clima nos bastidores de "A Padroeira"
Estadão - Amigos despedem-se de Avancini
Folha Online - Colunas Ooops! - Notinhas da Fama - 30/01/2002
F5 - Para evitar brigas, Susana Vieira e Elizabeth Savalla não se cruzam nos bastidores da Globo
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